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#Convergência


A cultura é formada essencialmente da convergência de várias vivências, costumes e crenças. O essencial para a concretização de uma cultura é a relação interpessoal, a ligação entre pessoas. Antigamente era comum relacionarmos esse fato quase que automaticamente com encontros aleatórios no shopping, ou na praia, numa fila de banco, em um bar, em qualquer lugar. Claro que os exemplos dados não perderam seu cunho social, entretanto, esses encontros presenciais não são mais fundamentais para as trocas interpessoais. Pelo contrário, atualmente as pessoas vêm cada vez mais fazendo o uso das Redes Sociais tecnológicas para estabelecerem suas relações. Antes, as antigas mídias contavam com esse encontro, com as conversas do dia-a-dia, para que seus produtos pudessem ser discutidos e que pudessem influenciar pessoas através desse contato. Depois, com o surgimento das novas mídias, os meios de comunicação não precisaram mais esperar que isso pudesse acontecer, ao invés disso, agora fazem parte dessa relação, estão na mediação, influenciando diretamente as discussões. Criou-se na atualidade um estado de Cultura da Convergência, onde todos os meios tecnológicos se convergem para enfrentar a nova era: a era da possível independência dos meios de comunicação de massa.

É claro que a mídia não deixaria seus consumidores livres. Ao perceber que a mídia de massa não era mais a única na jogada, que havia formas alternativas de se procurar e produzir informação, e que a manipulação e influência podia vir de outra maneira que não pelas grandes empresas, estas arranjaram forma de se juntarem para não caírem. Foi nessa conclusão que Henry Jenkins chegou, em seu livro "Cultura da Convergência", onde ele explica que essa nossa nova Cultura constitui-se pela colisão entre as velhas e novas mídias, "onde mídia corporativa e mídia alternativa se cruzam, onde o poder do produtor de mídia e o poder do consumidor interagem de maneiras imprevisíveis" representando uma "convergência dos meios de comunicação, cultura participativa e inteligência coletiva" (JENKINS, 2009).

Dessa forma, a mídia se aproveitou do principal espaço atual de relações interpessoais: as Redes Sociais. É muito difícil encontrar uma pessoa que não esteja pelo menos em uma rede social, e com as empresas isso não é diferente. Elas precisam se adaptar a essa nova cultura, e por isso, se integram cada vez mais nesse mundo, adaptando sua publicidade de formas irresistíveis aos seus consumidores. Podemos reparar isso no simples uso das Hashtags, recentemente popularizadas no Twitter, apesar de ter sido criação da antiga rede ICQ. As Hashtags nada mais são do que determinados temas, assuntos ou opiniões em alta colocados após um "#". Ao colocar o "#", a frase ou palavra torna-se um link de encontro de comentários feito por pessoas que estão, de certa forma, analisando a mesma coisa, dando a esta a capacidade de ser "viralizada" na internet, facilitando a localização da discussão por pessoas alheias, deixando um rastro histórico que dá visibilidade a marca ou assunto discutido e possibilitando a mensuração de audiência. Para exemplificar, no momento em que estou escrevendo esse posts, os Trending Topicos (os assuntos mais falados, tags mais usadas) são: #Faustão, #Fantástico, #PlayOffsNFLnaESPM, #FelipeNetoLive, entre outros. Podemos observar que todos esses assuntos mais falados, de alguma forma, se relacionam com alguma outra mídia, muitas vezes engajando pessoas que, por exemplo, podem nem estar assistindo "Faustão", mas ao notar o assunto nos Trending Topics e a repetição na sua Timeline a respeito deste tema, acaba não resistindo e assistindo, e até usando a tag. Mas é importante ressaltar que as Hashtags não tem benefícios favoráveis apenas à publicidade, mas são capazes de trabalhar em prol de grandes causas conscientizadoras, como foi o caso da "#MeuPrimeiroAssédio" que "viralizou" em 2015, expondo casos de assédios passados por milhares de mulheres, impactando diretamente na nossa cultura. Em conclusão, pode-se perceber como o uso das Hashtags é um exemplo de como as novas mídias em convergência com as velhas mídias podem se infiltrar e influenciar as relações pessoais, constituindo a #CulturadaConvergência.


 COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E TWITTER 

 

Produto da disciplina Comunicação e Tecnologia, da Faculdade de Comunicação da UFBA, ministrada pelo professor André Lemos, esse blog tem como objetivo identificar a relação entre os conceitos dados na disciplina e a rede social Twitter.

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