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Seu vício é o Twitter


No artigo intitulado "Twitter e comunicação política: limites e possibilidades", os autores analisam o uso das redes sociais pelos políticos:

Além de buscarem a autopromoção e a atenção dos cidadãos, os políticos estão sempre procurando formas de ter suas mensagens transmitidas sem filtros que possam potencialmente alterá-las. O Twitter, bem como outras redes sociais, pode preencher essa necessidade, modificando a forma de se fazer política, mas sem excluir as possibilidades de se chegar à grande esfera de visibilidade pública. " (ROSSETTO; CARREIRO; ALMADA, 2013, p. 207)

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump é um ótimo exemplo disso. Ele disse que gosta da ferramenta pois ela lhe dá destaque rápido e com suas próprias palavras. “É muito preciso, e acaba gerando manchetes, e isso é divertido. Se eu fizer um comunicado e divulgá-lo, não dá nem perto disso [da repercussão], as pessoas só verão no dia seguinte. Se eu convocar uma coletiva de imprensa, isso é muito trabalhoso.”, avaliou.


Raquel Recuero em seu livro "Redes Sociais na Internet" diz que há quatro valores que podem ser construídos pelas redes sociais: a visibilidade (que auxilia a manutenção de laços sociais e faz tornar-se conhecido), a reputação (as impressões que um ator social tem do outro), a popularidade (descrita pelo número de comentários e tamanho da audiência) e a autoridade (quantidade de citações, menções ou retweets, além da capacidade de gerar conversações). Segundo ela, todos eles são diretamente relacionados as vontades dos atores políticos quando há disputa por cargos ou mesmo por visibilidade.


Segundo o jornal americano New York Times, Trump é obcecado por popularidade: “Para o cara que dá total importância para as aparências, o Twitter fornece o verniz do apelo populista sem o incômodo de que se tenha que responder por isso”. O jornal considera que a fraqueza pessoal do presidente é o seu vício pelo Twitter.


Seu perfil pessoal (@realDonaldTrump) foi criado em 2011 e já conta com 34mil tuítes. Quando perguntado se iria migrar para a conta @POTUS (acrônimo para “president of the United States”), criada e usada por Obama desde maio de 2015, ele disse que prefere manter o uso de sua conta pessoal. “Tenho 46 milhões de pessoas no momento, e isto é muito, incluindo Facebook, Twitter e Instagram. Quando penso nos meus 46 milhões, eu vou deixar isso crescer e apenas manter o @realDonaldTrump”, disse. A sua conta no Twitter tem 20 milhões de seguidores, enquanto a da Casa Branca tem apenas 13,5 milhões.


O histórico do presidente no site mostra o poder que ele tem nessa rede. Sua reputação de ter um temperamento imprevisível tem sido cada vez mais difundida, causando diversas polêmicas com seus tuítes, principalmente por conta das “críticas” que frequentemente publica. “Obama é o pior presidente da história dos EUA”, “Líder incompetente”, “Fraco” e “Terrível” foram demonstrações pouco amistosas contra o antigo presidente, Barack Obama, em sua conta na rede social.


Há muito tempo existem listas em que são coletados os insultos mais grosseiros de Trump. E elas são longas. O New York Times fez uma bem completa, com as 325 pessoas, lugares e coisas que Donald Trump insultou em sua conta no Twitter:


Ele troca em questão de minutos o seu papel de cidadão pelo de presidente e mostra que política e emoções desenfreadas não necessariamente precisam ser separadas. Parece que o presidente não acredita que seu cargo existe uma certa contenção. Mas devia.


Quando ele criticou pelo Twitter os planos das montadoras Ford, General Motors e Toyota, que produzem carros para os Estados Unidos, de abrir unidades no México, a Ford chegou a anunciar o cancelamento de um investimento de 1,6 bilhão de dólares (mais de 4 bilhões de reais) no país vizinho. A montadora negou, em comunicado, que a decisão foi influenciada pelo presidente-eleito.


Outra vítima dos comentários de Trump foi a fabricante de aeronaves militares Lockheed Martin, que teve os gastos do programa de desenvolvimento do caça supersônico F-35 criticados em dezembro de 2016. As ações da companhia caíram 2,35% no dia em que a mensagem foi publicada.


Por conta disso, um programa para investidores chamado Trigger criou uma funcionalidade para alertar em tempo real quando Trump tuíta sobre alguma empresa listada na bolsa de valores. Ele permite aos usuários criar avisos personalizados para indicadores econômicos e de mercado, servindo para orientar melhor as decisões de compra e vendas de investidores.


A empresa acredita que as declarações do presidente têm um impacto significativo. “Seus tuítes sobre preços e contratos com companhias públicas geraram movimentos significativos no mercado que tornam mais difícil ao investidor diário de ficar à frente de seus investimentos. O aumento do risco de tuítes políticos é conhecido por investidores e fundos hedge em Wall Street, que tem corretores trabalhando 24/7, algoritmos e modelos para lidar com esse risco”, diz o comunicado sobre a novidade no blog da companhia.


A conta de Trump continua crescendo em número de seguidores, mas uma outra também cresce: a @Trump_Regretts. Nela estão aqueles que votaram no magnata e agora se arrependeram. A conta já chegou ao número de 264 mil seguidores. Claro que alguns podem ser falsos, mas a conta indica uma tendência que certamente não agrada o presidente.


 COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E TWITTER 

 

Produto da disciplina Comunicação e Tecnologia, da Faculdade de Comunicação da UFBA, ministrada pelo professor André Lemos, esse blog tem como objetivo identificar a relação entre os conceitos dados na disciplina e a rede social Twitter.

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