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"Deus é TOP"


Atualmente vivemos numa era onde tudo que fazemos login ou que ficamos online, nossos acessos e dados são vigiados e monitorados. Grandes empresas são responsáveis por isso, daí surge a dúvida: até que ponto para nós usuários, é benéfico? Até em que ponto o monitoramento dos nossos dados é sigiloso?

Além disso, outro ponto deve ser destacado. Segundo Fernanda Bruno em seu texto Rastrear, Perfomar e Classificar, “os atuais dispositivos e redes de comunicação digital funcionam como um dispositivo de inscrição e memória e não apenas enviamos e recebemos mensagens, não apenas buscamos e produzimos informação, como também, ao fazer tudo isso, deixamos automaticamente, e não raro involuntariamente, rastros de nossa presença”.

Esses rastros podem ser, inclusive, tweets. Uma publicação qualquer sobre um determinado assunto pode ser resgatado na rede social em outro momento, como prova de antigos posicionamentos. Recentemente, uma matéria publicada na Folha de S. Paulo apurou que o governo Temer contratou youtubers do canal Você Sabia para falar bem da reforma do ensino médio. Além da falta de ética em pagar R$ 65 mil para os youtubers, uma busca no twitter dos envolvidos descobriu ainda mais. Lukas Marques, um dos apresentadores do canal, costumava postar frases racistas, misóginas e homofóbicos. Mesmo que um dos posts seja de 2011, o material estava gravado em sua página. Depois da polêmica, os tweets foram apagados, mas ainda assim, não sumiram da internet. Outros usuários fizeram imagens das publicações para eternizar os momentos.

Algo semelhante já foi feito com outras personalidades, como o cantor Biel. Acusado de assediar uma repórter, o jovem tentou negar, mas o twitter não perdoou. Como escreveu André Lemos em seu texto MÍDIAS LOCATIVAS E VIGILÂNCIA: sujeito inseguro, bolhas digitais, paredes virtuais e territórios informacionais, "Indivíduos, em suas ações quotidianas no ciberespaço, participam de blogs, microblogs, software sociais, fóruns, sistemas de publicação de fotos e vídeos, uso de mapas digitas e outras ferramentas da Web 2.0. Essas informações são captadas de forma automática gerando uma memória da vida do indivíduo."

Os usuários conseguiram resgatar na memória da rede social diversas frases usadas por Biel que também podem ser consideradas assédio. Isso quase custou sua carreira, já que o músico chegou a anunciar que não iria mais fazer shows.

A vigilância pode trazer também um outro aspecto. Analisando dados publicados na rede, é possível “prever” certo tipo de escolhas Vemos diariamente sugestões de sites, aplicativos que, na maioria das vezes, nos agradam. Isso acontece porque algoritmos cruzam informações de outros clientes com perfis parecidos e procuram por algo similar. No twitter, esse cruzamentos de dados também acontece.

Por exemplo, se optamos por seguir perfis de esporte, na sugestão vão aparecer mais perfis desse tema. Ou, se muitas pessoas que você segue são ‘followers’ de um determinado usuário, ele será sugerido para você. Isso tende a facilitar o uso da rede social, já que, em tese, ela sabe do que você gosta. Embora, por outro lado, a rede use de dados e escolhas pessoais para fazer isso. Como disse André Lemos, "A nova vigilância da sociedade de controle está em todos os lugares e, ao mesmo tempo, em lugar nenhum”.


 COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E TWITTER 

 

Produto da disciplina Comunicação e Tecnologia, da Faculdade de Comunicação da UFBA, ministrada pelo professor André Lemos, esse blog tem como objetivo identificar a relação entre os conceitos dados na disciplina e a rede social Twitter.

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