top of page

Objetos que twittam


Foi divulgada nessa semana uma pesquisa feita na Universidade do Sul da Califórnia sobre a população de bots no Twitter. De todos os usuários da rede social, entre 9 e 15% dos perfis, cerca de 48 milhões, são na realidade robôs.

São perfis gerenciados por programas de computadores, normalmente capazes de curtir, retweetar e seguir perfis no intuito de compartilhar spam. Alguns são criados para apoiar partidos e candidatos políticos, divulgação de conteúdos pré-programados e outros até mesmo para espalhar vírus.


Mas dentre essas contas, existem as que utilizam objetos, serviços, sensores, que postam mensagens em seus perfis, emitindo sinais e formando a Internet das Coisas. Segundo André Lemos em A Comunicacao das Coisas: “Internet das Coisas (IoT) é um conjunto de redes, sensores, atuadores, objetos ligados por sistemas informatizados que ampliam a comunicação entre pessoas e objetos (...) e entre os objetos de forma autônoma, automática e sensível ao contexto”. Portanto, ele diz que os objetos passam a sentir a presença de outros, a trocar informações e a mediar ações entre eles e entre humanos.

O Twitter tem a particularidade de ser uma rede de informação real-time de conversas e sinais, ou seja, faz parte de seu DNA essa relação com o agora. O que está acontecendo nesse momento no mundo é comentado e espalhado pelo Twitter. Por isso a rede social consegue se relacionar muito bem com a Internet das Coisas. Segue alguns exemplos:


El Hueco Twitero – O buraco que pede pra ser fechado

https://twitter.com/elhuecotwitero


Imagine que toda vez que seu carro passe por um buraco, um tweet seja enviado para as o governo e prefeitura da cidade. É exatamente isso que El Hueco Twitero (podendo ser traduzida como “O Buraco Twitteiro”) propõe. É uma campanha publicitária da Cidade do Panamá, que teve como principal canal de comunicação em massa a TV aberta. Funciona da seguinte forma: dispositivos que possuem um sensor de pressão e movimento, criados especialmente para essa ação, foram instalados no interior dos milhares de buracos espalhados pelas ruas. Toda vez que fossem atingidos pelos pneus dos carros, esses dispositivos automaticamente enviavam tweets para as autoridades locais relatando problemas. Fez tanto sucesso que depois as ocorrências foram mostradas no noticiário local da Telemetro, mobilizando a população e representantes públicos a se pronunciarem sobre uma solução para os casos.


Pothos – A planta que pede água

https://twitter.com/pothos


Uma planta de nome Pothos é seguida por mais de 3 mil usuários no Twitter. Em seu perfil é possível encontrar mensagens simples como: “Você não me deu água o suficiente”, “URGENTE! Preciso de água”, “Me dê água, por favor”. Bom, como qualquer planta normal, ela não sabe falar e muito menos digitar, mas conta com a ajuda de um sistema desenvolvido por um grupo de pesquisadores americanos para informar ao seu dono quando ela precisa de água através da sua conta no Twitter. A pesquisadora da Universidade de Nova York, Kate Hartman, é a dona da Pothos e uma das criadoras do Botanicalls, um sistema composto por sensores de umidade da terra que se conectam a uma placa de circuito. Esses sensores medem a umidade e transmitem a informação para um microcontrolador. Esse aparelho determina se os níveis de umidade estão baixos ou não e passam essa informação para a conta do Twitter da planta. Desde novembro de 2008, Hartman e seu sócio Rob Faludi venderam quase 100 kits Botanicalls, ao preço de US$ 100. O texto nas mensagens do Twitter pode ser personalizado de acordo com as preferências do proprietário ou ao tipo de planta que ele possui. "O software tem ajustes que permitem determinar que tipo de planta está sendo acompanhada, e também as características da terra, porque tipos diferentes de terra têm diferentes características", disse Faludi.


RedJets – Localizando ferries

https://twitter.com/redjets


Andy Stanford-Clark, um engenheiro da IBM que mora na Ilha de Wight, no Reino Unido, toda vez que precisava saber informações sobre os ferries que partiriam da ilha, ele ligava para a empresa e ouvia uma mensagem eletrônica informando sobre a situação atual do porto. Porém, um dia ouviu a mensagem que dizia estar tudo bem, mas quando chegou ao porto os ferries não estavam funcionando. Por conta disso, ele desenvolveu um algoritmo que buscava sinais da localização de todos os ferries e calculava aproximadamente quanto tempo eles demorariam para chegar e sair dos portos. Ele fez uma conexão com o API do Twitter e postou todos os status de localização dos ferries em um perfil na rede social. Depois de um tempo ele descobriu que a própria empresa estava usando o sistema que ele havia desenvolvido. Esse foi um dos primeiros sistemas de notificação no Twitter da localização de ferries pelo Reino Unido.


House of Coates – A casa que twitta

https://twitter.com/houseofcoates


A casa de Tom Coates, localizada em São Francisco, parece uma casa normal até você identificar vários dispositivos conectados a Internet espalhados por ela. Esses dispositivos o ajudam a monitorar tudo o que acontece em sua casa, desde a saber qual a temperatura que ela está até se alguém se encontra na sala de estar em determinado momento. Coates programou os dados desses sensores para gerenciar uma conta no Twitter de sua própria casa. Ela twitta coisas como: "Eu acabei de ligar as luzes do andar de baixo. Estava ficando um pouco escuro” ou então "Alguém acaba de ativar o Sensor do Quarto de Descanso, então eu tenho quase certeza de que alguém está em casa". Coates depende fortemente de uma ferramenta simples e gratuita da internet chamada IFTTT ("Se isto, então aquilo"), que permite aos usuários definir ações online automatizadas em resposta a situações específicas. IFTTT é usada para acender a luz no escritório da casa de Coates ao pôr do sol e twitar sobre vários acontecimentos. Eventualmente, Coates diz, a conectividade com a Internet irá traçar o seu caminho a todos os tipos de eletrodomésticos. "Quando a máquina de lavar louça ou a máquina de lavar roupa estiverem funcionando, eu quero que elas me digam quando vão terminar ou quanto tempo ainda falta", ele diz. "Eu quero esse tipo de informação, porque é simplesmente irritante não saber".


Esses são apenas alguns exemplos de bots “do bem” que contribuem de forma positiva para a vida das pessoas. Além deles é possível encontrar perfis que usam Twitter para detectar terremotos, outros que informam se um tubarão está próximo da costa, sensores de alagamento, dentre diversos outros que diariamente são criados no site.


 COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E TWITTER 

 

Produto da disciplina Comunicação e Tecnologia, da Faculdade de Comunicação da UFBA, ministrada pelo professor André Lemos, esse blog tem como objetivo identificar a relação entre os conceitos dados na disciplina e a rede social Twitter.

 POSTS recentes: 
bottom of page